É engraçado como estar focada em uma coisa (ou várias, como estou no momento) nos tira completamente da antiga realidade. Em outros tempos, ficaria muito mais tempo no computador, jogando conversa fora com amigos, fuçando fotos e sites pelos quais me interesso, lendo um bom livro só por ler... Hoje, parece que não tenho tempo para mais nada disso. Meus exercícios do colégio estão empilhados sobre a escrivaninha e mal tenho forças para colocar as mãos na massa. A pilha só cresce, nunca diminui.
A formatura está chegando, faz dois meses que não entro em contato com minha família americana (e provavelmente mais dois meses se passarão antes que eu volte a conversar com eles), não tenho tempo de ir à missa (como venho querendo já faz um tempo) ou ir ao cinema. Não assisto à televisão (o que não é uma perda tão grande, tudo bem) nem passo tempo nenhum escutando música. Não consigo deixar de me perguntar se isso tudo vale a pena.
Admito que é divertido passar a tarde no colégio. Apesar de cansativa, a rotina de estudar em grupo sempre torna tudo mais agradável: às vezes nem sequer estudamos :D
Também gosto de folhear inúmeras revistas de fofoca em busca do vestido perfeito, ou se sair por aí imaginando como será estar na faculdade.
Todos me dizem que eu ainda tenho tempo, que sou muito nova. Não sei bem o que eu quero. Talvez seja cedo mesmo para definir o que acontecerá no futuro. O que sei é que o prazo de inscrições não se estenderá muito longe e minha decisão precisa ser tomada. Provavelmente o melhor a fazer é, ao menos, tentar. Cursar um semestre ou dois é obrigatório. Depois, nada me impede de viajar ou voltar ao francês. Sempre quis aprender a tocar piano. Quero crescer como pessoa antes de olhar para mim mesma e pensar que logo logo serei uma profissional de qualquer coisa. (Engenharia Elétrica, no caso).
Amanhã acho que vou à Semana de Jornalismo da UFSC. Sei que não tem tanto a ver comigo, embora a profissão me interesse bastante. Acho que é para considerar um lado totalmente diferente de mim, um lado que fica guardado e empoeirado boa parte do tempo. É meu emocional criativo (coisa que acabei de inventar), que parece se manifestar apenas quando escrevo ou, às vezes, nem tanto.
Falando em escrever... Meu último tema foi
Eugenia. Tive que me render à falta de liberdade de uma dissertação. Paciência.
Sociedade (Im)perfeitaQuando se fala no tema eugenia, é comum que se condene a prática com convicção. Afinal, a História da humanidade está repleta de mórbidos incidentes envolvendo genocício e preconceito contra os desfavorecidos, como o extermínio de judeus por Adolf Hitler ou de crianças fisicamente imperfeitas na extinta Esparta. Pouca gente parece perceber, no entanto, que a eugenia é onipresente no dia-a-dia da sociedade atual.
Enquanto crianças, as pessoas aprendem a escolher apenas o que lhes convém e a descartar o que é inútil. Ao chegar à maturidade, a situação não muda. O mais atlético é escolhido para o time, o mais bonito arrasa corações, quem gera dinheiro detém o poder e quem, por azar ou opção, não é dono de uma gorda conta bancária é tratado como escória. Esse comportamento incoerente de excluir o próprio semelhante impede o fim da desigualdade social.
Todavia, muitos sonham em usar a seleção de indivíduos mais capacitados para realmente tornar o mundo um pouco mais justo, teoricamente. Monteiro Lobato, em "Presidente Negro", idealizou uma sociedade indefectível, que chegou ao topo seguindo essa mentalidade intransigente de eliminação do inferior. Por outro lado, uma visão mais radical e pessimista transpareceu na incapacidade dos personagens de pensar por si mesmos em "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. Seres humanos criados em laboratório perderam completamente a sensibilidade e afogaram suas emoções. Porém, o preço a se pagar - o lado humano que nos diferencia de outras espécies - é alto demais.
Abandonar os padrões eugênicos que regem nosso modo de vida parece tão utópico quanto adotá-lo integralmente, uma vez que não há meios confiáveis de determinar com exatidão quem seria, de fato, ameaçador para a sociedade. Ignorar isso seria renunciar todas as lições que a História sofrida de tantas minorias ensinaram; seria, também, tentar ocultar uma característica tão marcante do ser humano: a imperfeição.
Enquanto eu transcrevia o texto fiquei pensando... Acho que a melhor maneira de me explicar seria a seguinte:
Eu amo as palavras, amo brincar com elas, conhecê-las, incorporá-las. Ler e escrever, por mais lunático que isso soe, é algo que mexe lá no fundo da minha alma. Por vezes, isso me afeta para o resto do dia. Ou então, posso ficar o dia inteiro com algo na cabeça e só me liberto depois que escrevo. Sei que é louco, mas eu sinto isso mesmo assim. Uma espécie de paixão-gratidão. Mas quando penso no que sou capaz de escrever às vezes, como esse post medíocre... O que veio à minha cabeça foi que é um amor não correspondido, um amor desajeitado. Eu preciso das palavras, elas me alimentam! Mas elas não precisam de mim (haha não há dúvidas de que eu não ando dormindo muito bem). Isso é meio desolador, meio injusto. Eu valorizo tanto a escrita, mas não me presentearam com o dom de dominá-la. Estou fadada ao amadorismo. Me pergunto se, num futuro distante, poderia escrever livros. Não, não, está claro para mim que eu não sei de nada. Tenho ideias aleatórias, impulsos que logo passam. São efêmeros (a palavra favorita de uma amiga minha).
Então eu descarrego por aqui, no meu blog anônimo. Eu acho bem mais válido.
O próximo tema é a contradição
Obesidade x FomeCada vez mais, eu ando pelo centro da cidade e noto a concentração de meninas (e meninos, mas esses nem tanto) gordinhas. Mais engraçado é que a situação não é a que se espera. Enquanto antes as classes dominantes também ganhavam em termos de peso, agora os papeis se inverteram. Não sei se é porque comida Light é cara ou porque um pacote de bolacha é barato. Não sei se é falta de informação ou simplesmente desleixo. Sei que a situação ficou meio estranha e o brasileiro está engordando bastante.